ANTICANCRO, Uma nova maneira de viver

“ANTICANCRO, Uma nova maneira de viver”
Francisca Oliveira | Página 35

Resumo

ANTICANCRO, Uma nova maneira de viver”, é um best-seller mundial de David Servan-Schreiber. Médico neuropsiquiatra e investigador, revela nesta sua obra as mais recentes descobertas para a prevenção e tratamento do cancro, e dedica um longo capítulo aos alimentos. Através de resultados afirmativos demonstrados cientificamente, o autor defende que através de hábitos de vida saudáveis, podemos aumentar as nossas defesas naturais e assim prevenir o cancro, ou melhorar a eficácia dos tratamentos, e prolongar a vida. Cabe a cada um de nós intervir em quatro domínios fundamentais: podemos proteger-nos contra os desequilíbrios do ambiente, ajustar a nossa alimentação, derruir as nossas barreiras psicológicas e criar uma relação diferente com o nosso corpo.

David Servan- Schreiber descreve-nos o confronto que teve com o cancro e como o suplantou. Venceu o cancro por duas vezes, combinando a medicina tradicional com uma nova maneira de viver. Ao partilhar esta experiência, que descreve como uma brilhante aventura interior, David Servan-Schreiber espera que cada um de nós, seja qual for a situação, saiba colocar a sorte do seu lado.

Palavras-chave

Cancro, Alimentação Saudável, Actividade Física, Stress Psicológico, Ambiente.

Summary

Anti-cancer, a new way of life“, is a worldwide bestseller by David Servan-Schreiber. Neuropsychiatrist and medical researcher, his work reveals this to the latest discoveries for the prevention and treatment of cancer, and devotes a long chapter to food. Through affirmative scientifically proven results, the author argues that through a healthy lifestyle, we can increase our natural defenses and prevent cancer or improving the effectiveness of treatment and prolong life. It is up to each one of us intervene in four key areas: we can protect ourselves against environmental imbalances, adjust our diets, overturning our psychological barriers and create a different relationship with our body.

David Servan-Schreiber describes the confrontation he had with cancer and how he overcame. Beat cancer twice, combining traditional medicine with a new way of living. By sharing this experience he describes as a brilliant inner adventure, DavidServan-Schreiber expects each of us, whatever the situation, learn to put luck on your side.

Keywords

Cancer, Healthy Eating, Physical Activity, Psychological Stress, Environment.

Introdução

“Existe um cancro adormecido em todos nós. À semelhança de todos os seres vivos, o nosso organismo produz constantemente células defeituosas. É assim que surgem os tumores. Mas o nosso organismo também está equipado com mecanismos que detectam e controlam essas células. No Ocidente, uma pessoa em cada quatro morrerá de cancro, mas três em cada quatro não morrerão. Os seus mecanismos de defesa entrarão em acção, e elas morrerão devido a outras causas” (p.15) (1).

Com esta obra, o público conseguirá depreender que um estilo de vida saudável é fundamental para a prevenção do cancro.

David Servan-Schreiber baseia-se no conceito e técnicas que estimulam as defesas naturais do organismo. Todos nós temos células anómalas em circulação que, se ultrapassarem as defesas, irão dar origem a um cancro.

“(…). Todas as investigações sobre o cancro são unânimes: os factores genéticos contribuem, no máximo, em 15% das mortes por cancro. Em resumo, a fatalidade genética não existe. Podemos aprender a proteger-nos. Deve ficar desde já esclarecido que, actualmente, não existe qualquer método alternativo para curar o cancro. É completamente insensato tentar curar esta doença sem recorrer aos melhores métodos da medicina convencional ocidental: a cirurgia, a quimioterapia, a radioterapia, a imunoterapia e, em breve, a genética molecular. Do mesmo modo, é completamente insensato confiar apenas nesta abordagem puramente técnica e menosprezar a capacidade do nosso organismo de se proteger de tumores. Podemos tirar partido desta protecção natural tanto para prevenir a doença como para aumentar os benefícios dos tratamentos” (p.18) (1).

 “Em suma, as estatísticas que nos apresentam sobre a sobrevivência ao cancro não fazem distinção entre as pessoas que se contentam em aceitar o veredicto médico e aquelas que mobilizam as suas próprias defesas naturais. Dentro da mesma «média», incluem-se aqueles que continuam a fumar, a expor-se a outras substâncias cancerígenas, que fazem uma alimentação tipicamente ocidental – um fertilizante para o cancro, (…) – que continuam a fragilizar o seu sistema imunitário com demasiado stress e pouco controlo sobre as emoções, ou que se esquecem do próprio corpo privando-o de actividade física. E, dentro desta «média», há aqueles que vivem muito mais tempo. Isto deve-se, provavelmente, ao facto de terem galvanizado as suas defesas naturais ao mesmo tempo que eram submetidos a tratamentos convencionais. Encontraram harmonia graças a este simples quarteto: desintoxicação de substâncias cancerígenas, alimentação anti-cancro, actividade física adequada e busca de paz de espírito (…). Nem sempre é uma decisão consciente que faz com que se opte por este caminho. Por vezes, é a própria doença que nos leva a ele. O efeito ameaçador do cancro cega-nos; torna-se difícil para nós alcançar o seu potencial criativo. Em muitos aspectos, a minha doença mudou a minha vida para melhor, de uma maneira que eu nunca poderia ter imaginado quando pensava que estava condenado. Começou pouco depois do diagnóstico…” (p.40-41) (1).

O autor expõe uma série de regras que devemos ter ao longo da vida para nos ajudar a combater a proliferação de tumores: evitar os produtos tóxicos ambientais; fazer uma alimentação equilibrada e saudável ao longo do dia; manter um nível de actividade física regular e aprender a lidar com o stress psicológico.

Ambiente anticancro

O capítulo 6 é dedicado ao ambiente anticancro. Servan-Schreiber refere três factores principais que nos últimos 50 anos abalaram drasticamente o ambiente em que vivemos: a adição de grandes quantidades de açúcar refinado à nossa alimentação; alterações nos processos agrícolas e pecuários e a exposição a inúmeros produtos químicos que não existiam antes de 1940 (p.114) (1).

A epidemia de cancro teve início depois da Segunda Guerra Mundial, quando se deram alterações cruciais nos processos agrícolas, sobretudo com a exposição a um novo grande número de químicos. Segundo Schreiber, devíamos reduzir a ingestão de alimentos que não sejam biológicos, não eliminando por completo os convencionais mas tornando-os ocasionais, não serem a base da nossa alimentação (p.154) (1).

A comida pré-preparada, frequentemente com aditivos, conservantes e outros químicos, devido aos condicionalismos da vida actual, vai alcançando terreno na mesa dos consumidores. Concordo com Servan-Schreiber em relação ao consumo de alimentos provenientes de agricultura biológica. Embora ainda não se tenham detectado grandes diferenças nas características nutricionais dos alimentos biológicos comparativamente aos alimentos convencionais, se adoptássemos esta alimentação biológica e equilibrada, ajudaríamos o nosso organismo a desintoxicar-se (exclui adubos facilmente solúveis e evita o recurso a produtos químicos de síntese) e o planeta a recuperar o seu equilíbrio. Segundo o relatório de 2006 das Nações Unidas sobre alimentação e agricultura, os métodos actuais de criação de animais para consumo humano são uma das principais causas do aquecimento global (2).

Um dos mais importantes factores ambientais que pode aumentar o risco de contrair cancro é o tabaco, aumenta de forma substancial o risco de desenvolver cancros do pulmão, da boca, da laringe e da bexiga. Outro factor de risco é a exposição prolongada à radiação ultravioleta, sobretudo a que provém do sol e que causa cancro da pele (3).

Alimentação Anticancro

Servan-Schreiber dedica um longo capítulo aos alimentos (capítulo 8). A alimentação anticancro, segundo Schreiber, é constituída sobretudo por vegetais (e leguminosas), temperados com azeite (ou óleo de colza, linhaça ou manteiga biológica), alho, ervas e especiarias, inversamente ao característico prato ocidental, onde a carne representa o ingrediente principal e os legumes servem unicamente de acompanhamento (p. 211) (1). No meu ponto de vista, cada pessoa deve recorrer à inúmera informação credível já disponível sobre os efeitos dos alimentos no combate ao cancro para ajudar a controlar a doença, sem prejudicar o próprio organismo. Segundo a literatura disponível, a cada refeição diária podemos optar por alimentos que irão defender o nosso organismo de ser dominado pelo cancro e que agem a vários níveis. Alguns dos alimentos apelidados por Schreiber de anticancro são: chá verde, açafrão-da-Índia e Caril, vegetais da família das crucíferas, alho, cebola, alho francês, chalota e cebolinho, vegetais e frutos ricos em carotenóides, soja, ervas e especiarias, vitamina D e frutos de baga: amoras silvestres, framboesas, morangos, mirtilos.

O Chá verde é um poderoso antioxidante (1, 4, 5, 6), antimutagénico (6, 7), anticarcinogénico (4, 8, 9) e desintoxicante (1), activa as enzimas do fígado que eliminam as toxinas do organismo e facilita a morte das células cancerígenas por apoptose. Vários estudos apontam para os benefícios do consumo deste chá, o estudo publicado no “Academic Journal Phytomedicine” revela que o chá verde pode desempenhar um papel vital na prevenção das neoplasias (10). Contém muitos polifenóis chamados catequinas, a epigalocatequina (EGCG), é uma das mais poderosas moléculas alimentares contra novos vasos sanguíneos formados por células cancerígenas (1, 9, 11). Alguns estudos epidemiológicos demonstraram que o consumo moderado de chá verde (1-6 chávenas/dia) origina no plasma humano sanguíneo um aumento significativo da sua capacidade antioxidante (12).

O Açafrão-da-Índia e Caril (um dos componentes do caril que lhe dá a cor amarela) é o ingrediente alimentar com um efeito anti-inflamatório mais poderoso (p.187) (1). A curcumina, pigmento que faz parte de um componente activo do açafrão-da-índia, tem uma forte actividade antioxidante, é capaz de destruir as células cancerígenas (11, 13, 14, 15) e impede o desenvolvimento de diversos tipos de tumores causados por químicos cancerígenos (16). Recentemente, foi verificado o seu papel na indução da apoptose e como quimioprotector na inibição da formação de metastases em cancros da mama (17). Para ser absorvido pelo sistema digestivo, o açafrão-da-índia deve ser misturado com pimenta, a pimenta aumenta 2000 vezes a absorção do açafrão-da-índia pelo organismo (p.213) (1).

Os Vegetais da família das crucíferas: couves (couves-de-bruxelas, couve chinesa, etc.), o repolho e os brócolos, contêm moléculas (sulforafano e indole-3-carbinol (I3C)) capazes de desintoxicar o organismo de certas substâncias cancerígenas, promovem o suicídio das células cancerígenas e bloqueiam a angiogénese (18, 19, 20). Também neutralizam produtos do metabolismo dos estrogénios que promovem o crescimento tumoral e ajudam a neutralizar os carcinogéneos a que nos expomos diariamente (21, 22). A modulação do metabolismo dos estrogéneos pelos vegetais crucíferos reduz o risco de cancro da mama, colo do útero e cabeça e pescoço (23, 24, 25).

Segundo o autor, os compostos de enxofre da família das aliáceas: alho, cebola, alho francês, chalota e cebolinho, reduzem os efeitos cancerígenos das nitrosaminas e dos compostos n-nitroso (ex: alimento excessivamente grelhado). Estimulam a apoptose no cancro do cólon, da mama, do pulmão e da próstata (p.215) (1). No entanto, não há estudos suficientes neste momento que demonstrem a contribuição da família das aliáceas para a diminuição do risco de cancro (25, 26).

Os vegetais e frutos ricos em carotenóides: Cenouras, inhame, abóbora, diospiros, tomate, beterraba e todos os frutos e vegetais de cores vivas (laranja, vermelho, amarelo, verde) contêm licopeno e vitamina A que inibem o crescimento de células de vários tipos de cancro. A luteína, o licopeno, o fitoeno e a cantaxantina estimulam o crescimento das células imunitárias e aumentam a sua capacidade de atacar as células tumorais (p.216) (1, 18). Alguns estudos epidemiológicos têm revelado que um aumento do consumo de carotenóides está relacionado com um menor risco de cancro. O licopeno tem um papel importante nos pacientes com cancro da próstata, podendo atrasar a progressão do mesmo (18).

Os componentes bioactivos da soja são: aminoácidos, péptidos, fibra e isoflavonas (genisteína, daidzeína e gliciteína). As isoflavonas são poderosas moléculas fitoquímicas que neutralizam os mecanismos essenciais à sobrevivência e ao desenvolvimento do cancro. No entanto, o seu efeito protector contra o cancro (principalmente da mama e da próstata) ainda não foi comprovado quando o seu consumo tem apenas início na idade adulta (p.186) (1). A genisteína, é muito semelhante às hormonas masculinas que estimulam o desenvolvimento do cancro da próstata, é provável que o mesmo mecanismo protector entre em acção nos homens que consomem soja regularmente (18). A Agência Francesa de Segurança Sanitária Alimentar, enquanto aguarda dados científicos mais exactos, recomenda que as mulheres que sofram de cancro da mama restrinjam o consumo de soja a quantidades moderadas (não mais que 1 iogurte de soja ou um copo de leite de soja por dia) (p.186) (1, 25). Por outro lado, as isoflavonas de soja bloqueiam a angiogénese e têm um papel importante no combate a outros tipos de cancro que não o da próstata e o da mama. A soja, nas suas várias formas é assim um elemento importante numa alimentação anticancro (27, 28).

As ervas aromáticas, como o alecrim, o tomilho, os orégãos, o manjericão e a hortelã, são muito ricas em óleos essenciais da família dos terpenos, a quem devem a sua fragrância. Está comprovado que os terpenos agem sobre uma grande variedade de tumores, reduzindo a propagação das células cancerosas ou provocando a sua morte (p.195) (1). As ervas aromáticas são importantes fontes de antioxidantes e podem substituir o sal, um alimento que em exagero poderá levar a graves problemas de saúde como o cancro (25, 29).

Existem vários estudos que comprovam que a vitamina D tem efeitos na redução do risco de cancro, como por exemplo, o cancro do cólon, da próstata e da mama (25). As células da pele produzem vitamina D após exposição directa aos raios solares e, também poderemos obtê-la através de alguns alimentos como: o óleo de fígado de bacalhau, o salmão, a cavala, a sardinha e a enguia.

Os frutos de baga: amoras silvestres, framboesas, morangos e mirtilos são constituídos por flavonóides e constituem a família mais abundante do grupo dos polifenóis que se encontram também presentes nos vegetais e folhas que compõem a alimentação humana (30). Os morangos, as framboesas, os mirtilos e as amoras negras contêm, para além dos polifenóis, ácido elágico. Estes estimulam os mecanismos de eliminação de substâncias cancerígenas e inibem a angiogénese (p.223) (1).

Para além destes alimentos “antipromotores” de cancro, existem outros (referidos no capítulo 6) que são “promotores” e alimentam os mecanismos que promovem o desenvolvimento de cancro. As sondagens ocidentais sobre nutrição revelam que 56% das calorias que ingerimos provêm de três fontes que não existiam aquando do desenvolvimento dos nossos genes (31): açúcares refinados, farinha refinada (pão branco, massas brancas, arroz branco) e óleos vegetais (feijão de soja e gorduras trans) (p.116) (1). O açúcar e a farinha refinada são alimentos com elevado índice glicémico (os níveis de glucose no sangue sobem rapidamente), os picos de insulina e a secreção de IGF estimulam o desenvolvimento das células cancerígenas e a sua capacidade de invadir os tecidos circundantes (p.118) (1, 25). Deve-se consumir pão de vários cereais integrais (de mistura de preferência) (32) ou feito com fermento tradicional (massa azeda) e substituir o arroz branco por integral ou basmati, com índices glicémicos mais baixos (p.123) (1). Schreiber recomenda que se evite todas as gorduras vegetais hidrogenadas (gorduras trans) e todas as gorduras animais carregadas em ómega 6 (p.139) (1). O nosso equilíbrio fisiológico depende muito do equilíbrio entre os ómega 3 e 6 no nosso organismo e, portanto, na nossa alimentação. Foi este equilíbrio alimentar que o autor considera que foi alterado nos últimos 50 anos (p.127) (1). Não poderia estar mais de acordo pois os ómega 6 ajudam a armazenar gordura e promovem a robustez das células, bem como a coagulação e a inflamação em resposta às agressões exteriores e os ómega 3 estão envolvidos no desenvolvimento do sistema nervoso, na redução das inflamações e limitam a produção de células adiposas (33). O azeite é uma gordura vegetal que não contribui para as inflamações, a manteiga (não a margarina) e o queijo equilibrados em ómega 3 também podem não contribuir. Schreiber é contra a margarina devido às gorduras hidrogenadas presentes e por conter óleo de girassol, de soja e de canola constituídos por uma maior quantidade de ómega 6 do que ómega 3 (p.132) (1). No entanto, nas Guidelines da ACS (American Cancer Society) a relação das gorduras trans com o risco de cancro ainda não foi determinada, mas aconselham as pessoas a consumirem a menor quantidade de gorduras trans possível (25). Mais vale então prevenir, e usar sem abusar nestas gorduras.

O Corpo em movimento

A actividade física regular ajuda a controlar o peso corporal, ao passo que, o excesso de peso, aumenta a quantidade de estrogénios, androgénios, insulina e factores de crescimento semelhantes à insulina circulantes, todos estes estão associados ao crescimento de células malignas e tumores (34). Devemos manter uma actividade física regular ao longo da vida pois estimula todas as capacidades promotoras da saúde do nosso corpo e em particular o sistema imunitário e a eliminação pelo organismo de substâncias cancerígenas. O exercício físico altera o nosso equilíbrio hormonal, reduz o excesso de estrogénio e testosterona que estimula o desenvolvimento de cancros, em particular o cancro da mama, da próstata, dos ovários, do útero e dos testículos (p.315) (1).

“Nenhuma alimentação sadia basta para dar saúde a um corpo que não se mexa (35).” (Peres, E.)

A mente anticancro – Derrubar as barreiras psicológicas

O stress em si, explica o médico, não é responsável pela diminuição das defesas imunitárias; é-o indirectamente pela maneira como lidamos com ele. Nenhum factor psicológico por si só foi identificado como sendo capaz de estar na origem do cancro. Contudo, algumas reacções ao stress psicológico podem influenciar profundamente o desencadeamento do cancro (p.237) (1). As mesmas substâncias químicas que accionam os reflexos neurológicos e viscerais do stress também afectam as células imunitárias (p.251) (1).

Portanto, há que prestar atenção a este perigo silencioso e há que tentar levar uma vida o mais calma e tranquila possível, evitando uma sociedade de stress, (36) mantendo um estado de paz e calma interior, anulando assim o stress psicológico e promovendo o processo de cura, no caso de doentes oncológicos.

Conclusão

Aquilo pelo que optamos comer vai influenciar de forma significativa a nossa saúde, pois as doenças actualmente mais mortais estão associadas às nossas escolhas alimentares. Como o cancro é uma doença de desenvolvimento prolongado que está por vezes intimamente relacionada com uma alimentação incorrecta, a criação de hábitos alimentares saudáveis ao longo da vida é de extrema importância para uma vida desprendida desta doença. Apesar de os oncologistas referirem o estilo de vida e a alimentação como elementos importantes na prevenção do cancro, fazem-no de uma forma genérica, “Evitar o tabaco e o excesso de álcool, fazer uma alimentação mediterrânica e exercício físico regularmente”. Como o autor refere, e muito bem, não há nada parecido com um aconselhamento nutricional anti-cancro para os doentes oncológicos. Schreiber comprovou em si mesmo que uma alimentação saudável e equilibrada que inclua alimentos anticancro, não apresenta qualquer risco para a saúde, pelo contrário, traz benefícios que ultrapassam sobejamente os seus efeitos no cancro.

A preparação quimiopreventiva mais eficaz é a alimentação. Na prevenção do cancro são muito importantes as atitudes “positivas”. A título de exemplo, “não só devemos comer menos daquilo que nos faz mal como comer mais daquilo que nos faz bem” (Simões S.) (36). Como diria Emílio Peres, “A alimentação faz-nos pequenos ou grandes, imbecis ou inteligentes, frágeis ou fortes, apáticos ou intervenientes, insociáveis ou capazes de saudável convivência; mata-nos cedo, ainda em embrião no ventre materno, ou tarde, no ocaso da uma vida plena.”

Há ainda muita coisa por demonstrar cientificamente. “Embora as evidências existentes das causas-efeitos entre o aumento da actividade física habitual e os benefícios para a saúde não sejam definitivas, pelo menos há uma série de informações suficientemente importantes para que se admita que estilos de vida activos, em conjunto com outros comportamentos positivos serão benéficos para a saúde (Haskell e col., 1985, citado por Mota, 1992b) (37).”

Em suma, se as mudanças de estilo de vida que o autor preconiza não fazem mal nenhum e, se funcionam, porque não aplicá-las já?

Cabe a cada um de nós ajudar a combater a proliferação dos tumores fazendo uma alimentação equilibrada e saudável ao longo do dia, proteger-nos contra os desequilíbrios do ambiente, derruir as nossas barreiras psicológicas e manter um nível de actividade física regular. Não nos centremos apenas num destes domínios mas sim nos quatro em simultâneo.

Referências Bibliográficas:

  1. Servan-Schreiber, D. (2008). ANTICANCRO, Uma nova maneira de viver (383 pp.). Alfragide: Editora Caderno. Traduzido do inglês por Paula Caetano.
  2. Humane Society International (Janeiro, 2011). O Impacto da Criação de Animais para Consumo no Meio Ambiente e nas Mudanças Climáticas no Brasil. in http://www.hsi.org/portuguese/issues/pecuaria_industrial/facts/mudancas_climaticas_pdf_intro.html (Acedido em 8 de Maio de 2011).
  3. Manual Merck (2009). Causas e Riscos do Cancro. in http://www.manualmerck.net/?id=188&cn=1594 (Acedido em 30 de Abril de 2011).
  4. Dufresne CJ, Farnworth ER. A review of latest research findings on the health promotion properties of tea. J Nutr Biochem. 2001; 12(7):404-21
  5. Cabrera C, Artacho R, Giménez R. Beneficial effects of green tea – A review. J Am Coll Nutr. 2006; 25(2):79-99
  6. McKay DL, Blumberg JB. The role of tea in human health: An update. J Am Coll Nutr. 2002; 21(1):1-13.
  7. Kotani A, Takahashi K, Hakamata H, Kojima S, Kusu F. Attomole catechins determination by capillary liquid chromatography with electrochemical detection. Anal Sci: Int J Jpn S Anal Chem. 2007; 23(2):157-63.
  8. Lambert JD, Yang CS. Mechanisms of cancer prevention by tea constituents. J Nutr. 2003; 133(10):3262S-67S.
  9. Yang CS, Lambert JD, Ju J, Lu G, Sang S. Tea and cancer prevention: Molecular mechanisms and human relevance. Toxicol Appl Pharmacol. 2007; 224(3):265-73.
  10. Carrilho, G. (2011). Efeito protector do Chá Verde na Demência e no Cancro. in http://www.cristinasales.pt/Nutri-Conceito/Blog/Post.aspx?BID=3&PID=944&MVID=1000194#comments (Acedido em 10 de Maio de 2011).
  11. Batista M. (2010). O Papel dos Fitoquímicos na Quimioprevenção do Cancro. Monografia orientado por Dr. Themudo Barata. Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, Porto. 51 pp.
  12. McKay DL, Blumberg JB. The role of tea in human health: An update. J Am Coll Nutr. 2002; 21(1):1-13 12.
  13. Qualfood – Base de Dados de Qualidade e Segurança Alimentar (2009). Benefícios do açafrão-da-índia. in http://qualfood.biostrument.com/?option=noticia&task=show&id=11301 (Acedido em 8 de Maio de 2011).
  14. Proença da Cunha, A.; Ribeiro, J.A.; Roque, O.R. (2007). Plantas aromáticas em Portugal. Caracterização e utilizações., Fund. Cal. Gulb.
  15. Aggarwal, BB.; Kumar, A.; Bharti, A.C. (2003), “Anticancer potential of curcumin: preclinical and clinical studies”, Anticancer Res. Jan-Feb;23(1A):363-98.
  16. Aggarwal BB, Ichikawa H, Garodia P, e tal. From traditional Ayuerdic medicine to modern medicine: identification of therapeutic targets for suppression of inflammation and cancer. Expert Opinion on Therapeutic Targets 2006; 10(1):87-118.
  17. Bachmeier; B.E.; Mohrenz, I. V.; Mirisola, V.; Schleider, E., Romeo, F.; Hohneke, C. Jöchum, M.; Nerlich, A. G.; Pfeffer, U. (2008), “Curcumin downregulates the inflammatory cytokines CXCL1 and –2 in breast cancer cells via NFkB”, Carcinogenesis 29(4):779-789.
  18. American Institute for Cancer Research (AIRC) (2011). Foods that fight cancer. in http://www.aicr.org/site/PageServer?pagename=foodsthatfightcancer_home (Acedido em 17 de Maio).
  19. Jaga K, Duvvi H. Risk reduction for DDt toxicity and carcinogenesis through dietary modification. Journal of the Royal Society of health 2001;121(2):107-13. in http://rsh.sagepub.com/content/121/2/107.short (Acedido em 9 de Maio de 2011).
  20. Gamet-Payrastre L, Li P, Lumeau S, e tal. Sulforaphane, a Naturally Occuring Isothiocyanate, Induces Cell Cycle Arrest and Apoptosis in HT29 Human Colon Cancer Cella. Cancer Res 2000;60(5):1426-33 . in http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10728709 (Acedido em 9 de Maio de 2011).
  21. Dalessandri KM, Firestone GL, Fitch MD, Bradlow HL, Bjeldanes LF. Pilot study: effect of 3,3’-diindolylmethane supplements on urinary hormone metabolites in postmenopausal women with a history of early-stage breast cancer. Nutr Cancer. 2004;50(2):161-7.
  22. Conaway CC, Wang CX, Pittman B, et al. Phenethyl isothiocyanate and sulforaphane and their N-acetylcysteine conjugates inhibit malignant progression of lung adenomas induced by tobacco carcinogens in A/J mice. Cancer Res. 2005 Sep 15;65(18):8548-57.
  23. Cristina Sales – Medicina Integrada e Funcional, Science News nº 4 (2008). Prevenção Nutriconal do Cancro. in http://www.cristinasales.pt/Arquivo/science/ScienceNews_4.html (Acedido em 17 de Maio de 2011).
  24. Jin L, Qi M, Chen DZ, et al. Indole-3- carbinol prevents cervical cancer in human papilloma virus type 16 (HPV16) transgenic mice. Cancer Res. 1999 Aug 15;59(16):3991-7. American Cancer Society. (2006).
  25. American Cancer Society Guidelines On Nutrition And Physical Activity For Cancer Prevention. p. 17-25. in http://www.cancer.org/acs/groups/cid/documents/webcontent/002577-pdf.pdf (Acedido em 17 de Maio de 2011).
  26. World Cancer Research Fund International (2007). Food, Nutrition, Physical Activity, and the Prevention of Cancer: a Global Perspective. Allium vegetables. (p.86). 1ª Edição, American Institute for Cancer Research. Washington DC.
  27. Vaishampayan U e tal. Lycopene and soy isoflavones in the treatment of prostate câncer. Nutrition and Cancer. 2007; 59(1): 1 – 7.
  28. Cristina Sales – Medicina Integrada e Funcional (2008). Nutrição Funcional. O consumo de alimentos com soja ajudam a prevenir o carcinoma colo rectal. in http://www.cristinasales.pt/Nutri-Conceito/Blog/Post.aspx?BID=3&PID=1054&MVID=1000194#comments (Acedido em 17 de Maio de 2011).
  29. Dragland S, Senoo H, Wake K, Holte K, Blomhoff R. (2003) The Journal of Nutrition. Several Culinary and Medicinal Herbs Are Important Sources of Dietary Antioxidantes. 133: 1286-1290.
  30. Han X, Shen T, Lou H. Dietary polyphenols and their biological significance. Int J Mol Sci. 2007; 8(9):950-88.
  31. Cordain L, Eaton S, Sebastian A, e tal. Origins and evolution of the western diet: health implications for the 21st century. American Journal Of Clinical Nutrition 2005;81(2):341-54.
  32. Juntunen K., Mazur W., Liukkonen K., Uehara M., Poutanen K., Adlercreutz H., MykkaÈnen H. Consumption of wholemeal rye bread increases serum concentrations and urinary excretion of enterolactone compared with consumption of white wheat bread in healthy Finnish men and women, British Journal of Nutrition (2000), 84, 839±846.
  33. Ailhaud G, Guenest P. Fatty acid composition of fats is an early determinant of childhood obesity: a short review and an opinion. Obesity reviews 2004;5(1):21-6.
  34. Escott-Stump S, Mahan, L. (2010). Krause, Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 12ª Edição, Saunders Elsevier. Rio de Janeiro.
  35. Peres E. (2004). O pão, o comer e o saber comer… Para melhor viver. Conferências e outros escritos. Confraria do Pão. Alentejo.
  36. Ciência Viva – Ministério da Ciência e da Tecnologia (1999/2000). Health in the XXI Century, a vision of the European Youth. in http://www.cienciaviva.pt/healthXXI/abel/stress.asp (Acedido em 28 de Abril de 2011).
  37. Moreira, Sandra Manuel Reis Lino (2006). As Actividades Lúdico-Desportivas nas Práticas de Lazer em Crianças do 1º ciclo. Dissertação de Mestrado orientada por Beatriz Oliveira Pereira. Universidade do Minho. 12 pp.

Nutrícias

Poderá também ler o artigo no site: http://www.apn.org.pt/xFiles/scContentDeployer_pt/docs/Doc988.pdf

 

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.